Mercado Livre de Energia: sua empresa livre de tarifa?

O mercado livre de energia é um meio de negociação de contratos livremente entre consumidores, geradores e comercializadores de energia. Migrar do mercado cativo, ou seja, o mercado em que os consumidores compram a energia da concessionária à qual estão ligados, para o mercado livre, significa parar de pagar a tarifa de energia fixada pelo governo. Isso se deve ao fato de que consumidores livres têm duas faturas ao mês, uma que é paga à distribuidora devido ao serviço prestado na distribuição da energia, e outra que é proveniente do contrato feito diretamente com o fornecedor de energia.

Mas e quem pode comprar nesse mercado?

É interessante a obtenção de contratos no mercado livre de energia àquelas empresas que têm uma fatura de energia com valores muito elevados. Mais especificamente, é necessário que a empresa tenha uma demanda contratada a partir de 500kW por mês, o que equivale a uma conta de luz de mais ou menos R$80.000,00. Consequentemente, esses consumidores seriam indústrias, supermercados, condomínios, hotéis, hospitais, e quaisquer outras empresas que, além de se encaixarem no perfil de consumo, visem a diminuição do valor da sua fatura de energia.

Ok! A minha empresa se encaixa no perfil, como faço para comprar?

A compra de energia elétrica pode ser feita diretamente com as unidades geradoras ou com as comercializadoras por meio de um contrato negociado entre ambas as partes. Vale lembrar que é necessário que o consumidor esteja conectado a uma rede de distribuição, para poder receber a energia contratada

Obs: No mercado livre, a distribuidora continua sendo a responsável pela entrega de energia, portanto, o risco de fornecimento é o mesmo tanto para o mercado cativo quanto para o mercado livre de energia.

E quais são os outros benefícios de comprar no mercado livre?

Além da previsibilidade dos preços por causa do contrato negociado, a empresa não estará sujeita a mudanças repentinas na tarifação, o que pode fazer muita diferença, já que os preços das tarifas estipuladas pelo governo variam bastante. Também pode-se levar em conta o poder de escolha do contratante, já que a quantidade de energia é dimensionada conforme o perfil de consumo do seu negócio.

Fora do Brasil!

Em países como Alemanha, Suécia, Holanda, França e outros países desenvolvidos dentro e fora da Europa, o mercado de energia é totalmente aberto, ou seja, até consumidores residenciais (de baixa tensão aqui no Brasil) podem fazer contratos livremente negociados para consumo de energia. Há também países na América Latina em que o mercado de energia é mais amplo, no sentido de que dá poder de escolha para mais consumidores do que no Brasil.

A viabilidade de abertura do mercado é uma perspectiva muito positiva para qualquer país, tendo em vista que a quebra do monopólio das empresas de energia significa uma maior competitividade que, consequentemente, possibilita um menor custo para o consumidor final. Além disso, essa mesma competitividade é um combustível para o desenvolvimento tecnológico no setor energético, o que também é ótimo para a economia de um país.

Mais sobre como funciona o Mercado de Energia

  • Leilões de energia:

Hoje em dia, os leilões são a principal modalidade de contratação de energia no Brasil. Esses leilões são organizados por órgãos governamentais, por meio de licitações, e os agentes distribuidores e comercializadores dão seus lances de contratação, como em um leilão tradicional, mas o diferencial é que o vencedor é aquele que oferece seu MWh pelo menor preço, sendo que o valor máximo é previamente estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É por meio desses leilões que concessionárias, permissionárias e autorizadas de serviço público de distribuição de energia elétrica garantem o atendimento ao mercado do Ambiente de Contratação Regulada, ou seja, o mercado cativo.

  • Distribuidoras de energia:

A energia que é gerada nas usinas passa pela rede de transmissão e é enviada até as estações de distribuição. As maiores distribuidoras do Brasil são: o Grupo Energisa, a Companhia Jaguari de Energia, a Companhia Energética do Maranhão, ​​​​​a Companhia Luz e Força Santa Cruz, e a Equatorial Pará. Já aqui no Rio Grande do Sul as maiores distribuidoras são: a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE) e a Rio Grande Energia (RGE).

  • Softwares de planejamento da precificação de energia:

O modelo DECOMP foi desenvolvido pelo Cepel, no âmbito da área de Otimização Energética e Meio Ambiente (DEA), para aplicação no planejamento da operação de sistemas hidrotérmicos de curto prazo e, junto com o modelo NEWAVE, é a ferramenta oficial utilizada pelo ONS nos programas mensais de operação do sistema brasileiro, e pela CCEE para determinar o preço de liquidação das diferenças, adotado no mercado de curto prazo de energia. Seu objetivo é, portanto, determinar as metas de geração de cada usina de um sistema hidrotérmico sujeito às afluências estocásticas, de forma a atender à demanda e minimizar o valor esperado do custo de operação ao longo do período de planejamento, considerando a medida de risco CVaR. Basicamente o software serve para prever qual será o potencial da usina nos meses seguintes dependendo do nível de energia produzido nos meses anteriores, podendo assim prever como será a oferta relativa à demanda por energia, sendo o NEWAVE  um meio de analisar o sistema a longo prazo, e o DECOMP a curto prazo.